
Companhia
das Letras, 2011. Tradução de Caetano W.Galindo. Leitura no Kindle.
Essa
resenha
será ligeiramente diferente das demais que redigi para o blog até
então. Não entrarei em detalhes agora; leiam e vocês descobrirão
o que quero dizer.
Soube
desse livro mais ou menos na época de seu lançamento. Muita gente
parecia animada com a história e, quando descobri que a personagem
principal era uma estudante de Letras, também me entusiasmei. Em uma
de minhas visitas à livraria, peguei o livro para ler a
sinopse e, após a leitura, meu entusiasmo murchou consideravelmente. O livro era vendido como um triângulo amoroso e sou
megadesconfiada de livros assim. Só tornei a me interessar pelo
livro após ver a excelente resenha dos Espanadores,
que elogiaram muito o livro e levantaram pontos interessantes da
trama.
Como não podia, no momento, gastar mais de R$40,00
num livro quase desconhecido, fiz a leitura no Kindle.
A
personagem principal de A Trama do Casamento,
Madeleine Hanna, é uma estudante do último ano do curso de Letras
apaixonada por Jane Austen e pela literatura do Período Vitoriano. A
narrativa começa no dia da formatura, no início dos anos 1980, faz
algumas digressões e depois alterna o foco temporal mais algumas
vezes. Ao entrarmos em contato com a história de Madeleine, somos
apresentados a dois outros importantes personagens: Mitchell
Grammaticus, interessado em estudos Teológicos, amigo mais próximo
de Madeleine e irremediavelmente apaixonado por ela; e Leonard
Bankhead, estudante de Biologia e Filosofia, rapaz fascinante e meio
excêntrico que, como vocês já podem imaginar, despertará o
interesse amoroso de Madeleine. Resumindo, o livro trata da jornada e
do aprendizado dos três após a conclusão da faculdade, do
desenvolvimento deles como adultos.
Aí,
após essa breve sinopse apresentada, é que entra a particularidade
mencionada no início da resenha: eu não gostei do livro. É a
primeira resenha que faço de um livro que me decepcionou. Mostrarei
agora meus argumentos. Não se intimidem e leiam o livro se assim
desejarem, principalmente após realizarem o cotejo com o vídeo dos
Espanadores. Vocês verão que o livro tem seus pontos positivos.
Eu
gostei da forma como o autor construiu seus personagens,
especialmente o Leonard. Ele é diagnosticado como maníaco-depressivo
(e não, isso não é spoiler), mais conhecido hoje em dia como
transtorno bipolar, e a complexidade de sua mente é verossímil.
Cheguei a reconhecer diversas pessoas do meu convívio nas falas,
pensamentos e até comportamentos do Leonard. Ele é, de longe, o
personagem que mais gostei. O Mitchell também é um personagem
fascinante ao seu modo, com um grau diferente de complexidade, mas a
Madeleine não me convenceu. Não confio nela como figura feminina,
pois ela é rasa como personagem. No início do romance até sentimos
alguma força nela, mas isso é completamente destruído ao longo da
trama. Em alguns momentos a achei quase uma Isabella Swan e isso é
muito, muito decepcionante. A personalidade dela é obliterada ao
longo da narrativa e ela se torna plana, inverossímil.
A
própria narrativa é o principal motivo de eu não ter gostado do
livro. O enredo é alongado sem necessidade e muitas situações
narradas não tem importância alguma para a trama. Soa como pura
enrolação! Isso dilui a força que o livro tem no início, além de
diluir também as descrições brilhantes do escritor sobre o
cotidiano do ambiente acadêmico e suas contradições. Por diversas
vezes tive a impressão de ler algo de um escritor iniciante, o que
não é o caso. É uma pena, porque os personagens mereciam uma trama
mais bem trabalhada e o autor teria plenas condições de fazê-lo.
Se a história fosse mais condensada, possivelmente isso minimizaria
a sensação que tive ao concluir a leitura.
Cheguei
ao fim com alguma raiva pelo tempo perdido e, confesso, aliviada de não ter
gasto R$46,00 na versão impressa. Apesar do livro ter dialogado comigo (e com
situações que vivi) diversas vezes e de ter alguns momentos de
brilhantismo, ele não me convenceu. Entretanto, não pretendo atirar
o livro na fogueira e dizer que é um lixo. Eu, leitora, não gostei
do livro. Isso não significa que outras pessoas, talvez com muito
mais bagagem ou mais sensibilidade do que eu, não possam gostar. Há
pontos ali que merecem leitura e reflexão. Nunca descartem uma
leitura apenas porque se depararam com uma crítica ruim. Um mesmo
texto pode ter milhares de sentidos diferentes e cada leitor terá
sua interpretação única daqueles sentidos. Por isso recomendo a
todos que procurem outras resenhas e leiam o livro sim, se tiverem
vontade. Talvez ele dialogue mais com vocês do que ele dialogou
comigo.
Caso
algum de meus leitores já tenha lido o livro, por favor, diga o que
achou nos comentários. É sempre uma delícia saber o que vocês têm
a dizer!