O dia em
que te esqueci – Margarida Rebelo Pinto
Oficina do Livro,
Portugal. 2009.
O dia em que te esqueci é daqueles livros que te pegam pelo
título. Interessado ou não, você ficará curioso para saber o
porquê dessa escolha para o título do livro. Como todos os demais
livros que resenhei para este blog, nunca tinha lido nada da
escritora. Para falar a verdade, sequer a conhecia. Soube do livro
pela página do Facebook da Editora Bertrand, que também
disponibilizava um link para ler o primeiro capítulo. Atiçada pelo
título, fui ver do que se tratava.
Apaixonei-me pelo que li! A autora parecia escrever para mim; ela me
fisgou logo nas primeiras linhas. Não tinha mais jeito: precisava
comprar o livro. Vasculhei em diversos sites de livrarias, mas não
consegui encontrar a edição da Bertrand. Imagino que, na época,
ainda não estivesse nas lojas. Na Estante Virtual encontrei uma
outra edição, esquecida no setor de Psicologia – o que me fez
lembrar do maravilhoso blog da Denise Bottmann –, por um preço
deliciosamente baixo. Comprei. Ao chegar, descobri:
- Se tratar da edição portuguesa, da editora Oficina do Livro (cuja imagem, vocês veem no início da resenha);
- Que a autora, Margarida Rebelo Pinto, era portuguesa;
- Em sites como a Livraria Cultura, o preço dessa edição está em torno de R$70,00 (e eu paguei menos de R$20,00);
- Que a minha edição, que eu julguei que tinha apenas uma dedicatória carinhosa, era, na verdade AUTOGRAFADA!
Comparem a imagem de um autógrafo dela, mais antigo, com a foto da
dedicatória no meu exemplar. A caligrafia mudou em alguns pontos e a assinatura também, mas há traços
que são inconfundíveis! Acompanhem o traço da assinatura dela e a forma
como ela escreve a data:
Ganhei meu ano ao descobrir uma preciosidade dessas!
Retornemos à história...
O livro é uma espécie de carta que a narradora-personagem escreve
para um homem que ela amou muito – e que a fez sofrer muito também
– e que ela finalmente esqueceu. Há uma série de digressões ao
longo da narrativa, que nos faz compreender melhor a vida da
personagem. É curioso, pois quase não há descrições físicas,
lugar-comum na literatura feita hoje; há o predomínio das
impressões e sentimentos da narradora-personagem. Somos confidentes
dela, embora o destinatário daquela carta seja outra pessoa. Temos
aquela sensação estranha de ler a correspondência alheia e nos
reconhecermos nela.
Não há uma linearidade aos moldes clássicos. Conforme havia dito,
as digressões ocorrem aos montes, mas sem cronologia definida, e sim
numa excelente representação de como funciona nosso pensamento ao
escrevermos.
Por alguns momentos cheguei a ficar incomodada com a história,
pois ela me tocou profundamente. Em determinados parágrafos eu
vislumbrava minhas antigas paixões e meus amores de outrora, além
de diversos sentimentos e ações que eu mesma tive. Este livro, por
sua forma singela, mas contundente de narrar o amor, me fez abrir os
olhos para muitas coisas que eu fingia ignorar. Fez-me tomar atitudes
que eu vinha postergando há tempos. Creio que posso dizer então que
O dia em que te esqueci foi um livro que me modificou após a
leitura. Não exatamente por sua história, mas pela minha que
encontrei representada nas doces palavras de Margarida Rebelo Pinto.
Como a Juliana Gervason, do blog O batom de Clarice, disse em seu
último vídeo, algo do estilo quase confidencial de Margarida remete
a escritora Martha Medeiros, embora sinta que a Martha é mais
ferina, do pouco que li dela (dois livros apenas). Talvez algum fã
mais experiente de Martha Medeiros possa discordar de mim ao ler algo
da Margarida Rebelo Pinto. Por sinal, a Juliana fez uma excelente
resenha do livro, que recomendo a todos.
Aqui no Brasil, o livro saiu pela Bertrand, logo, desconheço o
tratamento dado à nossa edição. Será que aqui eles reeditaram
utilizando as nossas regras ortográficas? A edição portuguesa,
além do charme da capa dura parcialmente em tecido, causa-nos a
delícia de perceber as diferenças da língua, das construções
sintáticas e da prosa poética em sotaque lusitano.
Recomendo a leitura a todos, mas, principalmente, àqueles que, como
eu, nada sabem da Literatura Portuguesa Contemporânea. Que este seja
o primeiro estímulo para conhecer mais sobre a literatura
d'além-mar.
Gostei muito da resenha! Gosto muito do jeito como utiliza suas palavras! :D
ResponderExcluirObrigada, Leo! Fico feliz com a sua visita x)
ExcluirTento aprimorar aos poucos minhas resenhas, pois sou leiga no gênero e não sei qual estilo é mais interessante.
Obrigada pelo carinho e volte sempre!
Adorei a resenha. E estou invejando horrores sua edição que além de ser portuguesa, o.O é autografada!!!!! :)
ResponderExcluirBeijos :)
Ju, que honra recebê-la em meu humilde blog!
ExcluirA parte do autógrafo foi uma completa surpresa. Achei que era uma dedicatória comum até conseguir decifrar o que estava escrito. O sebo nem sabia o que tinha em mãos, do contrário, teria cobrado um preço bem mais alto do que o que paguei.
Obrigada mesmo pela visita! A casa ainda está em construção, mas aos poucos vou ajeitando os cômodos e pondo os livros no lugar x)
Mil beijos!
Boa noite Camila. Parabêns pela resenha.
ResponderExcluirDesculpe mas à mim também, "tocou profundamente."...
Boa sorte bonita, fique com Deus, beijos leoa.
Obrigada, Gi!
ExcluirSim, eu sei bem disso...
Espero que você volte a escrever em seu blog. Ele está ficando ótimo e merece receber muitas visitas x)
Beijoos!
parabéns pela resenha, invejo-te pela sua edição portuguesa...
ResponderExcluir- O dia em que te esqueci, também me tocou desde as primeiras frases.