quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Resenha: O dia em que te esqueci - Margarida Rebelo Pinto


O dia em que te esqueci – Margarida Rebelo Pinto
Oficina do Livro, Portugal. 2009.

O dia em que te esqueci é daqueles livros que te pegam pelo título. Interessado ou não, você ficará curioso para saber o porquê dessa escolha para o título do livro. Como todos os demais livros que resenhei para este blog, nunca tinha lido nada da escritora. Para falar a verdade, sequer a conhecia. Soube do livro pela página do Facebook da Editora Bertrand, que também disponibilizava um link para ler o primeiro capítulo. Atiçada pelo título, fui ver do que se tratava.

Apaixonei-me pelo que li! A autora parecia escrever para mim; ela me fisgou logo nas primeiras linhas. Não tinha mais jeito: precisava comprar o livro. Vasculhei em diversos sites de livrarias, mas não consegui encontrar a edição da Bertrand. Imagino que, na época, ainda não estivesse nas lojas. Na Estante Virtual encontrei uma outra edição, esquecida no setor de Psicologia – o que me fez lembrar do maravilhoso blog da Denise Bottmann –, por um preço deliciosamente baixo. Comprei. Ao chegar, descobri:
  • Se tratar da edição portuguesa, da editora Oficina do Livro (cuja imagem, vocês veem no início da resenha);
  • Que a autora, Margarida Rebelo Pinto, era portuguesa;
  • Em sites como a Livraria Cultura, o preço dessa edição está em torno de R$70,00 (e eu paguei menos de R$20,00);
  • Que a minha edição, que eu julguei que tinha apenas uma dedicatória carinhosa, era, na verdade AUTOGRAFADA!

Comparem a imagem de um autógrafo dela, mais antigo, com a foto da dedicatória no meu exemplar. A caligrafia mudou em alguns pontos e a assinatura também, mas há traços que são inconfundíveis! Acompanhem o traço da assinatura dela e a forma como ela escreve a data:

 

Ganhei meu ano ao descobrir uma preciosidade dessas!

Retornemos à história...

O livro é uma espécie de carta que a narradora-personagem escreve para um homem que ela amou muito – e que a fez sofrer muito também – e que ela finalmente esqueceu. Há uma série de digressões ao longo da narrativa, que nos faz compreender melhor a vida da personagem. É curioso, pois quase não há descrições físicas, lugar-comum na literatura feita hoje; há o predomínio das impressões e sentimentos da narradora-personagem. Somos confidentes dela, embora o destinatário daquela carta seja outra pessoa. Temos aquela sensação estranha de ler a correspondência alheia e nos reconhecermos nela.

Não há uma linearidade aos moldes clássicos. Conforme havia dito, as digressões ocorrem aos montes, mas sem cronologia definida, e sim numa excelente representação de como funciona nosso pensamento ao escrevermos.

Por alguns momentos cheguei a ficar incomodada com a história, pois ela me tocou profundamente. Em determinados parágrafos eu vislumbrava minhas antigas paixões e meus amores de outrora, além de diversos sentimentos e ações que eu mesma tive. Este livro, por sua forma singela, mas contundente de narrar o amor, me fez abrir os olhos para muitas coisas que eu fingia ignorar. Fez-me tomar atitudes que eu vinha postergando há tempos. Creio que posso dizer então que O dia em que te esqueci foi um livro que me modificou após a leitura. Não exatamente por sua história, mas pela minha que encontrei representada nas doces palavras de Margarida Rebelo Pinto.

Como a Juliana Gervason, do blog O batom de Clarice, disse em seu último vídeo, algo do estilo quase confidencial de Margarida remete a escritora Martha Medeiros, embora sinta que a Martha é mais ferina, do pouco que li dela (dois livros apenas). Talvez algum fã mais experiente de Martha Medeiros possa discordar de mim ao ler algo da Margarida Rebelo Pinto. Por sinal, a Juliana fez uma excelente resenha do livro, que recomendo a todos.

Aqui no Brasil, o livro saiu pela Bertrand, logo, desconheço o tratamento dado à nossa edição. Será que aqui eles reeditaram utilizando as nossas regras ortográficas? A edição portuguesa, além do charme da capa dura parcialmente em tecido, causa-nos a delícia de perceber as diferenças da língua, das construções sintáticas e da prosa poética em sotaque lusitano.

Recomendo a leitura a todos, mas, principalmente, àqueles que, como eu, nada sabem da Literatura Portuguesa Contemporânea. Que este seja o primeiro estímulo para conhecer mais sobre a literatura d'além-mar.

7 comentários:

  1. Gostei muito da resenha! Gosto muito do jeito como utiliza suas palavras! :D

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    1. Obrigada, Leo! Fico feliz com a sua visita x)
      Tento aprimorar aos poucos minhas resenhas, pois sou leiga no gênero e não sei qual estilo é mais interessante.
      Obrigada pelo carinho e volte sempre!

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  2. Adorei a resenha. E estou invejando horrores sua edição que além de ser portuguesa, o.O é autografada!!!!! :)
    Beijos :)

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    1. Ju, que honra recebê-la em meu humilde blog!
      A parte do autógrafo foi uma completa surpresa. Achei que era uma dedicatória comum até conseguir decifrar o que estava escrito. O sebo nem sabia o que tinha em mãos, do contrário, teria cobrado um preço bem mais alto do que o que paguei.
      Obrigada mesmo pela visita! A casa ainda está em construção, mas aos poucos vou ajeitando os cômodos e pondo os livros no lugar x)
      Mil beijos!

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  3. Boa noite Camila. Parabêns pela resenha.
    Desculpe mas à mim também, "tocou profundamente."...
    Boa sorte bonita, fique com Deus, beijos leoa.

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    1. Obrigada, Gi!
      Sim, eu sei bem disso...
      Espero que você volte a escrever em seu blog. Ele está ficando ótimo e merece receber muitas visitas x)
      Beijoos!

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  4. parabéns pela resenha, invejo-te pela sua edição portuguesa...
    - O dia em que te esqueci, também me tocou desde as primeiras frases.

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