"Como
começou a sua paixão por livros?"
Confesso que não sei dizer exatamente como começou. Sou uma
apaixonada por palavras desde pequenininha. Uma antiga amiga da
família disse que eu, com cerca de três ou quatro anos de idade,
tinha o costume de copiar as letras que via nas páginas de revistas.
Estaria aí a semente da futura amante de livros que eu me tornaria?
Não sei dizer. Recordo que eu amava mexer na estante de casa, com
suas portas abaixo de onde ficava a televisão e o videocassete, e
retirar todos os livros que meus pais ali guardavam – poucos, se
comparados com a quantidade que temos hoje, mas inúmeros para uma
criança curiosa. Gostava de ver suas capas e mexer em suas folhas.
Meus pais bem sabem quantas páginas eu rabisquei com giz de cera ou
lápis de cor. Ainda há alguns livros em nossa desordenada
biblioteca que possuem as marcas de meus rabiscos como provas de um
crime literário.
Ao contrário de muitos leitores por aí, não recordo de meus pais
me lendo histórias antes de dormir. Posso estar sendo injusta com
eles, afinal minha memória não é das melhores. Lembro de ouvir
muitas conversas entre adultos – eu sou a filha mais velha e não
havia muitas crianças na família para eu brincar – e que minha
avó materna contava algumas histórias de cabeça, mas não tenho
memórias, nos meus anos pré-escolares, de livros com capas
coloridas e histórias para crianças. Recordo claramente de meus
pais com livros nas mãos. Livros de capas mais sóbrias, pouca ou
nenhuma ilustração, mas repletos de palavras.
O primeiro livro pelo qual me apaixonei chamava-se Conte-me outra
história. Foi um presente dessa antiga amiga da família,
frequentadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que há muitos
anos se mudou e, infelizmente, não tivemos mais contato. Era um
livro de histórias bíblicas que podia ser dividido em três partes:
a primeira era uma espécie de cartilha, com recursos para
alfabetizar as crianças; a segunda possuía histórias bíblicas
curtinhas e com ilustrações muito bonitas; a terceira já continha
histórias maiores e com poucas ilustrações. Esse foi um livro que
sofreu muito em minhas mãos; há diversos rabiscos nele. Sorte que
ele possui uma boa encadernação, então, apesar de velho, rabiscado
e até com alguns rasgos, ele ainda vive. Como se trata de um
exemplar provavelmente esgotado, segue abaixo uma imagem dele para
aqueles que não o conhecem – e imagino que não sejam poucos:
Sei que meus pais leram algumas histórias desse livro pra mim; nunca
o li inteiro e, hoje em dia, não creio que o lerei tão cedo.
O primeiro livro que realmente li sozinha chamava-se As duas
velinhas de aniversário. Ele fazia parte da quase-biblioteca dos
meus pais e, desde que me entendo por gente, já tinha a aparência
de um livro velho. Ele tem uma dedicatória desconhecida, datada de
1971, o que me faz supor que foi adquirido em um sebo. Possui
ilustrações simples e uma história quase bobinha: é a história
de uma vela de aniversário que representa o primeiro ano de vida de
uma menina chamada Terezinha. Essa velinha ganha uma irmãzinha e
ambas se aventuram para ajudar a menina, que acaba adoecendo. É um
livro de forte cunho religioso, coisa que não percebi na época, mas
que também marcou minha infância. Adorava tê-lo sempre por perto e
foi um prazer conseguir lê-lo inteiro. Ele está intacto, sem
rabiscos, mas muito, muito velhinho. Também colocarei uma imagem
dele abaixo:
Imagino que esses dois exemplares podem ter sido os nutrientes
necessários para que meu interesse por livros desabrochasse. Em
minha época de Ensino Fundamental, o que mais adorava era ir uma vez
por semana na Sala de Leitura e poder escolher um livro pra levar pra
casa. Não lembro de quase nenhum dos livros que li nessa época, mas
sei que eles foram importantes para fortalecer o meu interesse pelo universo literário. Conforme cresci, diversos livros me acompanharam em
minhas descobertas e dúvidas e medos. Tenho vergonha de alguns
deles, entretanto, na época eles cumpriram bem a função. Não
recordo de ter ficado desinteressada por livros em alguma época.
Obviamente, houve épocas em que eu li pouquíssimo, mas nunca fiquei
completamente sem interesse por esse universo.
Após o Ensino Médio meu interesse por livros só fez crescer. Como
quase todo estudante, não gostava muito de ser obrigada a ler –
sempre li por gosto, não por obrigação –, mas amava as aulas de
Literatura. Quando a obrigatoriedade de ler 'acabou', senti mais
vontade de me aventurar pelos diversos universos literários
existentes. Creio que, a partir de então, minha capacidade como
leitora ampliou consideravelmente; a faculdade de Letras, apesar dos
pesares, tem me ajudado demais nesse ponto. Passei a interpretar os
textos de outra forma e estou ciente que tenho muito a desenvolver
ainda.
A paixão pelos livros me acompanha há tanto tempo que é um
exercício complicado tentar definir um ponto para seu começo. Tenho
a sensação de que esse amor literário nasceu comigo, logo, faz
parte do meu ser. Foi divertido fazer esse passeio ao passado, pois
com isso encontrei diversas memórias soterradas pela poluição
cotidiana. Espero que tenham gostado e, caso tenham interesse em
responder a tag, seja por vídeo ou texto, sintam-se à vontade. Só
não esqueçam de citar o Leo, afinal foi ele o idealizador da tag.
Gostei muito, Camila! Queria ter uma história mais íntima e tão antiga com a leitura como você! :D
ResponderExcluirObrigada, Leo! Agradeço a visita e parabenizo pela tag incrível. Espero que você receba muitas respostas x)
ExcluirCéus... aquelas histórias da Vó...
ResponderExcluirTem muita coisa da sua história que eu não compartilho Mi, apesar de aparentemente achar que sim... Mas uma coisa é fato: Admiro imensamente e até invejo um pouquinho (:B) essa sua paixão e dedicação. É algo tão sincero, tão SEU, que sinceramente nem sei o que dizer aqui!
Adorei o post. E sabe que mesmo em off, continuo acompanhando o blog com muito orgulho da irmã foda que eu tenho.
beijos <3
Ounnnnnnn!!! Vou chorar desse jeito, coisinha! Obrigada pelo comentário super-mega-fofo. Sei que você não lembra de muitas dessas coisas, afinal, você era pequenininha, mas queria compartilhá-las com você e fico feliz por você ter gostado x33
ExcluirMil beijoos!
Bela história Camila, e que milagre você ainda ter estes dois livros.
ResponderExcluirQuando eu tinha 8 anos, ganhei de uma professora de Português o livro "A Ilha Perdida", da coleção Vaga-Lume (primeiro que li na vida), infelizmente o perdi em uma das mudanças de casa que fiz. Se eu o tivesse até hoje, sabe o que eu faria, colocaria num quadro e penduraria na sala...rsrs.
Beijos e parabéns pelo blog!
Wellington! Que visita boa!
ExcluirTambém não sei como esses dois livros permaneceram em casa. Tem alguns livros da singela biblioteca dos meus pais que sobreviveram às mudanças e ainda estão conosco. Ou melhor, comigo, pois eu me tornei a "bibliotecária" quase-oficial da família xDD
Mil beijos e apareça mais vezes!
Olá...
ResponderExcluirEstou procurando livros que fizeram parte da minha infância, E o livro As duas velinhas de Aniversário faz parte de uma coleção que ganhei de presente em 1971, de uma tia. Foi minha 1ª coleção, por este motivo estou tentando resgatá-los, pois desapareceram de minha antiga casa, não sei quem levou, nem porque. Enfim, amo leitura, aprendi a ler mto cedo, e antes, qdo não sabia ler, minha irmão mais velha lia alguns livros para mim. Bem, gostaria de saber se tem interesse em vender o livro.
Att.
Regina
e-mail p contato: re.celia@terra.com.br
OLHA SÓ EU TIVE UMA EDIÇÃO DESTE LIVRO E O PERDI, É UM LIVRO MUITO SIGNIFICATIVO PARA MIM, GOSTARIA DE INFORMAÇÕES DE COMO OBTER UM, SE ISSO FOR POSSIVEL, EIS O MEU EMAIL PARA CONTATO. ghertton@gmail.com.
ResponderExcluirdesde já agradecido.