quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Manias Literárias


Conforme informado quando respondi a tag Os três 5 de 2012, decidi criar um post dedicado às minhas manias literárias – que nem são tantas, pra falar a verdade. Assim vocês conhecem um pouco mais desta que vos escreve e se sentem convidados a também falarem sobre suas próprias manias. Vamos lá?


Cheirar livros

Esse é um vício relativamente recente. Sempre amei o cheiro de livros novos, logo, se pensarmos assim, sempre tive por hábito cheirar livros. Porém, entre 2011 e 2012 eu me tornei consciente do fato de que cheirava os livros e esse hábito se alastrou para livros em geral. De certa forma não deixa de ser uma boa mania, pois assim consigo saber se o livro, principalmente o comprado em sebo, pegou muita umidade, por exemplo. Biblioteconomistas provavelmente me condenariam, pois não é uma mania saudável cheirar livros que não sabemos direito de onde vieram, mas não posso evitar. Livros cheiram muito bem, estejam eles novos ou velhos.
(Mas admito que ainda tenho preferência pelo cheiro de livro novo, recém saído da impressão)


Não anotar nas páginas

Não, eu não consigo anotar absolutamente nada nos meus livros. Sim, isso é muito estranho, pois parece que os livros não são meus por completo, como se eles precisassem estar sempre brancos e imaculados por sei lá qual motivo, mas não posso evitar. Só de pensar em deixar um rabisquinho sequer em um de meus livros eu começo a ter taquicardia. Claro que há algumas poucas exceções a essa mania. Quando precisei escrever um artigo sobre O Ateneu para uma disciplina da faculdade, eu anotei diversas vezes no livro, além de ter grifado uma série de trechos – todos a lápis. Canetas e marca-textos são duas coisas que não encostam em meus livros. Nunquinha.


Não dobrar o livro em ângulos que ele não foi feito para suportar

Essa é uma das regras básicas de convivência comigo – e também uma regra fundamental do Manual de Bom Uso dos Livros (livro que eu, algum dia, em algum universo, criarei). Livros não foram feitos para ficarem em determinados ângulos, por isso não adianta tentar criar posições de Kama Sutra Livrescos, o pobre livro não suportará o impacto e a lombada dele quebrará. A lombada é como se fosse a coluna vertebral do livro, então a trato como gostaria que minha própria coluna fosse tratada. Abro o livro até onde ele suporta ser aberto. Somente em caso de livros muito grossos, em que não há meios de não deixar a lombada marcada, que eu acabo forçando um pouquinho mais. Já vi pessoas que dobram os livros como se eles fossem revistas e isso me dá calafrios. Sério.


Não fazer orelhas nem dobras nos livros

Seria uma subdivisão do tópico acima. Orelhas em livros são coisas arrepiantes, crianças, não façam isso com seus pobres livrinhos. Já fiquei chocada em ver que o recurso de marcador de página do meu Kindle imita uma orelhinha no canto superior direito da página, imagine como fico ao ver alguém perto de mim fazendo isso com um livro de papel? Sim, assim mesmo, bem imaginado. Para marcações há post-its, marcadores de página e diversos recursos não agressivos e totalmente reutilizáveis. Considero essa mania das mais saudáveis – para mim e para minha humilde biblioteca.


Utilizar marcadores do tamanho do livro ou ligeiramente menores

Essa mania entraria na categoria de esquisitices desta que vos fala. Não gosto de marcadores de página que ficam sobrando na parte superior do livro. Sempre uso marcadores do tamanho do livro ou mesmo ligeiramente menores que ele – e por esse motivo gosto de colecionar marcadores dos mais diversos tipos e tamanhos e cores e formatos. Não sei explicar o porquê disso; talvez tenha cansado de ter marcadores amassados e desgastados nas pontas, não sei.


Observar a forma de encadernação antes de comprar o livro

Outra mania recente. Comecei a fazer isso depois de ter lido Preservação de Acervos Bibliográficos e descoberto que há várias formas de encadernação – e que as editoras ultimamente têm pulado etapas importantes do processo apenas para baratear custos, que comumente não são repassados ao consumidor. A chamada encadernação à cola é largamente utilizada e não é nem de longe uma das melhores formas de encadernar o livro. Por isso, sempre que compro livros em lojas físicas, confiro muito bem qual tipo de encadernação é, se ela foi feita corretamente ou se há falhas claras a um olhar mais atento, enfim, esse tipo de coisa que só um amante de livros faz quando decide aumentar seu acervo. Não preciso dizer que tenho predileção pelos exemplares de capa dura, especialmente os mais antigos, pois as encadernações parecem cuidadas com mais esmero. Desafio você, caro leitor, a passear em uma livraria e observar os diversos tipos de encadernação que você encontrará por lá. Caso não queira sair, tente fazer o mesmo exercício com os livros de sua estante. Conte-me depois suas observações.


Procurar o preço mais em conta antes de decidir uma compra

Já disse algumas vezes que sou uma pechincheira de mão cheia, não disse? É por esse motivo! Não consigo comprar um livro sem pesquisar bem o preço antes. Vou a sites como a Estante Virtual para ver se já existem exemplares nos sebos. Caso não, pesquiso no BuscaPé ou outro site similar. Só compro se achei um preço razoável, do contrário, aguardo mais um tempo para comprar. Acho sim que os preços dos livros são muito altos, especialmente se formos contar com a “qualidade” oferecida – e nisso entra encadernação, cuidado com a tradução e, especialmente, com a revisão de texto, etc. Fiz alguns negócios incríveis por ser pechincheira, como também já fiz uma ou duas compras não tão boas por esse mesmo motivo. Enquanto o saldo for mais positivo do que negativo, continuarei pechinchando.


Anotar nome e data de compra em cada nova aquisição

Isso já não entra na categoria de manias. É um ritual. Todo livro que eu quero que permaneça eternamente na minha coleção passa por ele. É simples: eu adquiro o livro e coloco meu nome e a data da compra na parte de trás da capa ou na parte de trás da orelha do livro, sempre no canto superior. Após isso ele está incorporado à minha biblioteca. Só sinto que o livro é realmente meu após realizar esse quase-ritual. Sim, é a única vez que uma caneta encosta no meu acervo bibliográfico.


Anotar o título de todos os livros que li

Desde 2005 tenho um caderno – bem feinho, por sinal – em que anoto todos os títulos de livros que leio. Comecei isso pra não esquecer quais livros já li e quais não. Não tem todos os livros que já li na vida, pois há muitos que foram emprestados da Sala de Leitura no meu Ensino Fundamental que não recordo mais os títulos. De 2006 em diante eu passei a contabilizar quantos livros lia por ano, com isso passei a ter mais consciência dos meus gostos literários e da minha velocidade de leitura. É um exercício interessante, convido a quem quiser fazer o mesmo a anotar quantos livros foram lidos em 2013. Em dezembro me contem o resultado.


Não pular páginas

Sim, essa é uma mania estranha: eu normalmente não consigo pular páginas dos livros. Nem quando são livros de contos. Nos casos de coletâneas de poemas ou livros acadêmicos, não há problemas, mas romances e outros gêneros literários não me deixam pular páginas; mesmo quando a leitura está chata eu leio rapidinho até chegar numa parte legal. Ou então desisto e abandono o livro de vez.


Não parar a leitura enquanto não concluir o capítulo

Considero essa uma mania quase normal, pois conheço muita gente que faz o mesmo. Só paro a leitura quando cheguei ao final do capítulo que estava lendo. Acho que isso entraria em outra categoria, mas eu geralmente conto quantas páginas faltam até o início do próximo capítulo. Às vezes, faço isso antes mesmo de iniciar a leitura. Caso o capítulo seja muito extenso e eu tenha que parar por motivos de força maior – tais como sono e tédio, ou mesmo a interrupção para descer de um transporte coletivo ou para auxiliar alguém que requisitou os seus serviços – aí não há remédio: terei que parar a leitura de qualquer jeito. Imagino essa seja uma forma segura de lembrar onde parei a leitura, caso o marcador de páginas caia ou seja retirado de seu lugar original.


Ignorar prefácios ou posfácios muito longos e/ou não escritos pelo autor

Apesar de, dentro da leitura de um romance, por exemplo, eu não conseguir pular páginas, não vejo problema algum em pular prefácios, introduções e posfácios, se sentir que eles são muito longos ou se eles não foram escritos pelo próprio autor. Tenho a sensação de que eles atrapalham a fruição, sem contar que há pessoas sem-noção que dão spoilers logo no prefácio, então sua leitura já fica comprometida. Prefiro ler a história primeiro e, se achar válido, ler os prefácios e posfácios e apêndices e introduções e etc.


Não emprestar livros

Essa é a regra de ouro no meu pequeno Código de Ética do Acervo. Sério, eu não empresto livros. Triste, não é? Sim, bastante, mas é uma realidade. Sei todas as implicações disso, como o fato de que eu não deixo a cultura circular, fico centralizando o poder em minhas mãos e isso é errado e blábláblá. Isso vai mudar minha forma de agir? Por mais que os argumentos sejam válidos, não, não vai. Tenho meus motivos para não emprestar mais, que envolvem livros irreconhecíveis ou mesmo o desaparecimento completo daquele exemplar legal da coleção. Há exceções? Como toda boa regra, há sim. Posso emprestar livros para umas poucas e selecionadas pessoas, se estas apresentarem um documento me entregando a alma delas caso aconteça qualquer coisa com o exemplar – ou, em casos menos radicais, apenas concordando em dar um novo exemplar mesmo. Por essas e outras eu geralmente não empresto mesmo. Quem é meu amigo de verdade, entende.

4 comentários:

  1. Oi, adorei suas manias literárias...algumas eu também tenho...como não anotar no livro..eu não consigo fazer isso.! hehehe Essa questão de emprestar livros já é uma polêmica...não é??? hehehe
    Beijocas
    http://marlicarmenescritora.blogspot.com.br/

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    1. Olá, Marli! Seja bem-vinda ao blog! Agradeço demais sua visita e espero vê-la mais vezes por aqui ^^
      Anotar nos livros é algo muito, muito difícil. Só o faço quando não tem jeito (como no caso de livros para fins acadêmicos). Quanto a emprestar... é, é um tema polêmico mesmo. Tive más experiências e não consigo mais emprestar, porém admiro muito quem tem desapego o suficiente para emprestar sem preocupações nem cobranças.
      Mais uma vez obrigada pela visita!
      Beijos!

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  2. Gostei bastante dessa lista de manias que me fez pensar nas minhas próprias. rs Acho que existe uma que contrapõe uma sua e ela é à respeito de livros de contos. Não consigo lê-los na ordem das páginas, conto após conto até o final. Sempre os leio aleatoriamente até não ter mais opção. rs

    :*

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    1. Diego, obrigada pelo comentário!
      Adoraria fazer que nem você, mas geralmente eu sigo a ordem quase que religiosamente. É um absurdo, eu sei. Em alguns momentos eu pulo contos, principalmente se eles são muito longos ou chatos, mas no geral eu sigo em uma única direção.
      Se algum dia quiser compartilhar suas manias é só deixar o link aqui que eu verei com o maior prazer, viu?
      Beijos!!!

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