Conforme
informado quando respondi a tag Os três 5 de 2012, decidi criar um
post dedicado às minhas manias literárias – que nem são tantas, pra falar a
verdade. Assim vocês conhecem um pouco mais desta que vos escreve e se sentem
convidados a também falarem sobre suas próprias manias. Vamos lá?
Cheirar
livros
Esse
é um vício relativamente recente. Sempre amei o cheiro de livros novos, logo,
se pensarmos assim, sempre tive por hábito cheirar livros. Porém, entre 2011 e
2012 eu me tornei consciente do fato de que cheirava os livros e esse hábito se
alastrou para livros em geral. De certa forma não deixa de ser uma boa mania,
pois assim consigo saber se o livro, principalmente o comprado em sebo, pegou
muita umidade, por exemplo. Biblioteconomistas provavelmente me condenariam,
pois não é uma mania saudável cheirar livros que não sabemos direito de onde
vieram, mas não posso evitar. Livros cheiram muito bem, estejam eles novos ou
velhos.
(Mas
admito que ainda tenho preferência pelo cheiro de livro novo, recém saído da
impressão)
Não
anotar nas páginas
Não,
eu não consigo anotar absolutamente nada nos meus livros. Sim, isso é muito
estranho, pois parece que os livros não são meus por completo, como se eles
precisassem estar sempre brancos e imaculados por sei lá qual motivo, mas não
posso evitar. Só de pensar em deixar um rabisquinho sequer em um de meus livros
eu começo a ter taquicardia. Claro que há algumas poucas exceções a essa mania.
Quando precisei escrever um artigo sobre O Ateneu para uma disciplina da
faculdade, eu anotei diversas vezes no livro, além de ter grifado uma série de
trechos – todos a lápis. Canetas e
marca-textos são duas coisas que não encostam em meus livros. Nunquinha.
Não
dobrar o livro em ângulos que ele não foi feito para suportar
Essa
é uma das regras básicas de convivência comigo – e também uma regra fundamental
do Manual de Bom Uso dos Livros (livro
que eu, algum dia, em algum universo, criarei). Livros não foram feitos para
ficarem em determinados ângulos, por isso não adianta tentar criar posições de
Kama Sutra Livrescos, o pobre livro não suportará o impacto e a lombada dele
quebrará. A lombada é como se fosse a coluna vertebral do livro, então a trato
como gostaria que minha própria coluna fosse tratada. Abro o livro até onde ele
suporta ser aberto. Somente em caso de livros muito grossos, em que não há
meios de não deixar a lombada marcada, que eu acabo forçando um pouquinho mais.
Já vi pessoas que dobram os livros como se eles fossem revistas e isso me dá
calafrios. Sério.
Não
fazer orelhas nem dobras nos livros
Seria
uma subdivisão do tópico acima. Orelhas em livros são coisas arrepiantes,
crianças, não façam isso com seus pobres livrinhos. Já fiquei chocada em ver
que o recurso de marcador de página do meu Kindle
imita uma orelhinha no canto superior direito da página, imagine como fico ao
ver alguém perto de mim fazendo isso com um livro de papel? Sim, assim mesmo,
bem imaginado. Para marcações há post-its, marcadores de página e diversos
recursos não agressivos e totalmente reutilizáveis. Considero essa mania das
mais saudáveis – para mim e para minha humilde biblioteca.
Utilizar
marcadores do tamanho do livro ou ligeiramente menores
Essa
mania entraria na categoria de esquisitices desta que vos fala. Não gosto de
marcadores de página que ficam sobrando na parte superior do livro. Sempre uso
marcadores do tamanho do livro ou mesmo ligeiramente menores que ele – e por
esse motivo gosto de colecionar marcadores dos mais diversos tipos e tamanhos e
cores e formatos. Não sei explicar o porquê disso; talvez tenha cansado de ter
marcadores amassados e desgastados nas pontas, não sei.
Observar
a forma de encadernação antes de comprar o livro
Outra
mania recente. Comecei a fazer isso depois de ter lido Preservação de Acervos Bibliográficos e descoberto que há várias formas de encadernação – e
que as editoras ultimamente têm pulado etapas importantes do processo apenas
para baratear custos, que comumente não são repassados ao consumidor. A chamada
encadernação à cola é largamente utilizada e não é nem de longe uma das
melhores formas de encadernar o livro. Por isso, sempre que compro livros em
lojas físicas, confiro muito bem qual tipo de encadernação é, se ela foi feita
corretamente ou se há falhas claras a um olhar mais atento, enfim, esse tipo de
coisa que só um amante de livros faz quando decide aumentar seu acervo. Não
preciso dizer que tenho predileção pelos exemplares de capa dura, especialmente
os mais antigos, pois as encadernações parecem cuidadas com mais esmero.
Desafio você, caro leitor, a passear em uma livraria e observar os diversos
tipos de encadernação que você encontrará por lá. Caso não queira sair, tente
fazer o mesmo exercício com os livros de sua estante. Conte-me depois suas
observações.
Procurar
o preço mais em conta antes de decidir uma compra
Já
disse algumas vezes que sou uma pechincheira de mão cheia, não disse? É por
esse motivo! Não consigo comprar um livro sem pesquisar bem o preço antes. Vou
a sites como a Estante Virtual para
ver se já existem exemplares nos sebos. Caso não, pesquiso no BuscaPé ou outro site similar. Só
compro se achei um preço razoável, do contrário, aguardo mais um tempo para
comprar. Acho sim que os preços dos livros são muito altos, especialmente se
formos contar com a “qualidade” oferecida – e nisso entra encadernação, cuidado
com a tradução e, especialmente, com a revisão de texto, etc. Fiz alguns
negócios incríveis por ser pechincheira, como também já fiz uma ou duas compras
não tão boas por esse mesmo motivo. Enquanto o saldo for mais positivo do que
negativo, continuarei pechinchando.
Anotar
nome e data de compra em cada nova aquisição
Isso
já não entra na categoria de manias. É um ritual. Todo livro que eu quero que
permaneça eternamente na minha coleção passa por ele. É simples: eu adquiro o
livro e coloco meu nome e a data da compra na parte de trás da capa ou na parte
de trás da orelha do livro, sempre no canto superior. Após isso ele está
incorporado à minha biblioteca. Só sinto que o livro é realmente meu após
realizar esse quase-ritual. Sim, é a única vez que uma caneta encosta no meu
acervo bibliográfico.
Anotar
o título de todos os livros que li
Desde
2005 tenho um caderno – bem feinho, por sinal – em que anoto todos os títulos
de livros que leio. Comecei isso pra não esquecer quais livros já li e quais
não. Não tem todos os livros que já li na vida, pois há muitos que foram
emprestados da Sala de Leitura no meu Ensino Fundamental que não recordo mais os
títulos. De 2006 em diante eu passei a contabilizar quantos livros lia por ano,
com isso passei a ter mais consciência dos meus gostos literários e da minha
velocidade de leitura. É um exercício interessante, convido a quem quiser fazer
o mesmo a anotar quantos livros foram lidos em 2013. Em dezembro me contem o
resultado.
Não
pular páginas
Sim,
essa é uma mania estranha: eu normalmente não consigo pular páginas dos livros.
Nem quando são livros de contos. Nos casos de coletâneas de poemas ou livros
acadêmicos, não há problemas, mas romances e outros gêneros literários não me
deixam pular páginas; mesmo quando a leitura está chata eu leio rapidinho até
chegar numa parte legal. Ou então desisto e abandono o livro de vez.
Não
parar a leitura enquanto não concluir o capítulo
Considero
essa uma mania quase normal, pois conheço muita gente que faz o mesmo. Só paro
a leitura quando cheguei ao final do capítulo que estava lendo. Acho que isso
entraria em outra categoria, mas eu geralmente conto quantas páginas faltam até
o início do próximo capítulo. Às vezes, faço isso antes mesmo de iniciar a
leitura. Caso o capítulo seja muito extenso e eu tenha que parar por motivos de
força maior – tais como sono e tédio, ou mesmo a interrupção para descer de um
transporte coletivo ou para auxiliar alguém que requisitou os seus serviços –
aí não há remédio: terei que parar a leitura de qualquer jeito. Imagino essa
seja uma forma segura de lembrar onde parei a leitura, caso o marcador de
páginas caia ou seja retirado de seu lugar original.
Ignorar
prefácios ou posfácios muito longos e/ou não escritos pelo autor
Apesar
de, dentro da leitura de um romance, por exemplo, eu não conseguir pular
páginas, não vejo problema algum em pular prefácios, introduções e posfácios,
se sentir que eles são muito longos ou se eles não foram escritos pelo próprio
autor. Tenho a sensação de que eles atrapalham a fruição, sem contar que há
pessoas sem-noção que dão spoilers logo no prefácio, então sua leitura já fica
comprometida. Prefiro ler a história primeiro e, se achar válido, ler os
prefácios e posfácios e apêndices e introduções e etc.
Não
emprestar livros
Essa
é a regra de ouro no meu pequeno Código de Ética do Acervo. Sério, eu não
empresto livros. Triste, não é? Sim, bastante, mas é uma realidade. Sei todas
as implicações disso, como o fato de que eu não deixo a cultura circular, fico
centralizando o poder em minhas mãos e isso é errado e blábláblá. Isso vai
mudar minha forma de agir? Por mais que os argumentos sejam válidos, não, não
vai. Tenho meus motivos para não emprestar mais, que envolvem livros
irreconhecíveis ou mesmo o desaparecimento completo daquele exemplar legal da
coleção. Há exceções? Como toda boa regra, há sim. Posso emprestar livros para
umas poucas e selecionadas pessoas, se estas apresentarem um documento me
entregando a alma delas caso aconteça qualquer coisa com o exemplar – ou, em
casos menos radicais, apenas concordando em dar um novo exemplar mesmo. Por
essas e outras eu geralmente não empresto mesmo. Quem é meu amigo de verdade,
entende.
Oi, adorei suas manias literárias...algumas eu também tenho...como não anotar no livro..eu não consigo fazer isso.! hehehe Essa questão de emprestar livros já é uma polêmica...não é??? hehehe
ResponderExcluirBeijocas
http://marlicarmenescritora.blogspot.com.br/
Olá, Marli! Seja bem-vinda ao blog! Agradeço demais sua visita e espero vê-la mais vezes por aqui ^^
ExcluirAnotar nos livros é algo muito, muito difícil. Só o faço quando não tem jeito (como no caso de livros para fins acadêmicos). Quanto a emprestar... é, é um tema polêmico mesmo. Tive más experiências e não consigo mais emprestar, porém admiro muito quem tem desapego o suficiente para emprestar sem preocupações nem cobranças.
Mais uma vez obrigada pela visita!
Beijos!
Gostei bastante dessa lista de manias que me fez pensar nas minhas próprias. rs Acho que existe uma que contrapõe uma sua e ela é à respeito de livros de contos. Não consigo lê-los na ordem das páginas, conto após conto até o final. Sempre os leio aleatoriamente até não ter mais opção. rs
ResponderExcluir:*
Diego, obrigada pelo comentário!
ExcluirAdoraria fazer que nem você, mas geralmente eu sigo a ordem quase que religiosamente. É um absurdo, eu sei. Em alguns momentos eu pulo contos, principalmente se eles são muito longos ou chatos, mas no geral eu sigo em uma única direção.
Se algum dia quiser compartilhar suas manias é só deixar o link aqui que eu verei com o maior prazer, viu?
Beijos!!!